As leveduras e bactérias podem ser pequenas, mas são poderosas. Há séculos a humanidade aproveita a força desses minúsculos. As bactérias transformam o leite em iogurte, são usadas na extração de cobre e na eliminação dos resíduos da água. Se você alimentar as leveduras com açúcar numa mistura de água e lúpulo, elas agradecerão produzindo cerveja. Se há uma coisa em que esses micróbios são bons é usar uma substância como alimento e transformá-lo em outra como resíduo. E o que é lixo para um organismo pode ser um tesouro para outro.
Na década de 1970, os engenheiros genéticos descobriram a tecnologia para criar essas "fabriquinhas" sob medida. Inserindo instruções genéticas nas bactérias ou leveduras (modificando, assim, seu código genético), os cientistas têm usado micróbios para criar todos os tipos de substâncias, desde vacinas e medicamentos até enzimas que ajudam na fabricação do queijo.
Vejamos, por exemplo, a renina, uma enzima usada na produção do queijo. A renina é encontrada naturalmente no revestimento do estômago do bezerro, ajudando-o a quebrar e coagular o leite da sua mãe para melhorar a digestão. Os melhores queijos são feitos com o uso da renina do bezerro, mas é complicado colhê-la em quantidade suficiente. Desde o final dos anos 1990, os queijeiros têm usado renina sintetizada por bactérias geneticamente projetadas. Conhecendo o código genético que produz a enzima do revestimento do estômago do bezerro, os engenheiros genéticos inseriram esse gene em bactérias. Assim como no processo de produção da cerveja, se alimentarmos essas bactérias com os nutrientes de que elas precisam, o "lixo" produzido por elas será a valiosa renina. Calcula-se que 80% do mercado mundial de queijo utilize essa renina biossintetizada.
Mas a utilidade dos micróbios vai muito além da produção de queijo. A engenharia genética desses minúsculos ajudantes tem evoluído a passos largos nos últimos anos. Usando um computador para programar e inserir a seqüência genética correta nas leveduras, os cientistas podem criar rapidamente o microorganismo de que precisam para fazer praticamente qualquer composto que desejarem. As histórias são simplesmente fantásticas. Na lista de substâncias que essas “biofábricas” estão produzindo figuram querosene de aviação, fragrâncias, cosméticos, aromatizantes e medicamentos.
A tecnologia é especialmente útil quando a substância necessária é rara, cara ou difícil de sintetizar por meios puramente químicos. Na semana que vem, falarei sobre alguns desses avanços.
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