Os micróbios ajudam a humanidade há séculos. As leveduras e bactérias nos ajudam em muitas atividades, como a fermentação da cerveja e a produção de iogurte. Cada um desses microoganismos age como uma minúscula fábrica de produtos químicos: uma substância entra como alimento para o organismo e outra é secretada como resíduo. Vejamos, por exemplo, as leveduras. Elas ingerem açúcar como alimento e produzem álcool e dióxido de carbono como resíduos. Por isso, são ideais para a fabricação da cerveja. A humanidade usa os microorganismos há séculos para fazer queijo, pão e até mesmo ajudar na extração de cobre das minas, mas, até pouco tempo atrás, a gama de produtos que eles eram capazes de gerar era limitada. Na semana passada, eu escrevi sobre como os cientistas estão usando a tecnologia da engenharia genética para fabricar micróbios sob medida, determinando, assim, as substâncias que essas pequenas fábricas de produtos químicos podem produzir.
Na década de 1970, os cientistas descobriram como inserir instruções genéticas nas leveduras e bactérias, fazendo com que elas produzissem praticamente qualquer composto, desde medicamentos até querosene de aviação e enzimas "queijeiras". Agora, esses organismos geneticamente modificados (OGMs) estão na vanguarda da biotecnologia e estão prontos para dar início a uma “terceira revolução industrial”, segundo um artigo recente do Washington Post.

Essas "biofábricas" geneticamente arquitetadas são usadas não apenas na produção de alimentos, mas também na produção de uma infinidade de medicamentos que salvam vidas (vou escrever na semana que vem sobre a insulina produzida por bactérias transgênicas), vacinas e hormônios humanos raros.
Todos os anos, milhões de pessoas sofrem de malária, e centenas de milhares morrem, principalmente as crianças africanas com menos de cinco anos de idade. A artemisinina, um fármaco derivado das folhas de artemísia originárias da China, demonstrou ser extremamente eficaz no tratamento da malária (aparentemente ainda mais eficaz que o quinino, o medicamento mais tradicional contra a malária). Como as favas de baunilha, a artemísia da qual o medicamento é colhido é difícil de cultivar nas quantidades necessárias, e isso faz com que seu preço flutue desenfreadamente.
A Amyris, uma empresa de biotecnologia da Califórnia, deu conta desse problema usando leveduras geneticamente modificadas para sintetizar a artemisinina. Usando um computador para inserir a seqüência de genes necessária para fazer com o que as leveduras produzam o medicamento na forma de subproduto, a empresa encontrou uma forma de sintetizar grandes quantidades do medicamento, dispensando a colheita da artemísia. Neste ano, a Amyris produziu 35 toneladas do medicamento, suficientes para 70 milhões de tratamentos.
Não causa espécie que os ambientalistas inventaram várias desculpas para se pôr contra essas biofábricas, mas falarei sobre isso nas próximas semanas.
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