segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Caixinha? Não, Obrigado!



Oito e vinte da noite. Estava eu ao telefone no meu home office quando meu sossego foi quebrado pela campainha. Era o coletor de lixo pedindo a famigerada "Caixinha de Natal".

Creio que a maioria dos meus amáveis leitores é importunada por abundantes toques de campainha de vários profissionais pedindo caixinha de Natal. São coletores de lixo, varredores de rua, entregadores de gás, carteiros, leituristas de água e luz, guarda noturno (falo mais sobre essa "espécie" em outro artigo), et caterva.

Eu fico desgraçado da cabeça com a atitude dessa gente. Todos trabalham com carteira assinada (exceto os guardas noturnos), recebem seus salários religiosamente todo mês e, mui provavelmente, ganham décimo-terceiro no final do ano, como qualquer assalariado.

Então, por que saem de porta em porta, qual pezzenti, se prestando a esse papel? Por que essa gente se esforça tanto por convencer a todos que seus empregos são mais importantes? O que eles fazem de tão especial para se acharem diferentes dos outros profissionais?

Voltando ao episódio de 20 minutos atrás: o coletor de lixo apareceu impávido diante de mim pedindo a caixinha. Respondi de bate-pronto: "Você tem um minuto para me convencer a dar caixinha. Quero um único motivo para que eu dê dinheiro a você". Ah, sim. Tem que ser em dinheiro, porque longe vão os tempos em que os pezzenti natalinos se contentavam com um panetone. Se der panetone, tem que dar dinheiro também.

Sabem o que aconteceu? Fui fuzilado com os olhos, ele virou as costas e foi embora encher os pacová do vizinho. A mim não me convencem! Ah, sim! Também usam tática intimidatório-terrorista, com frases como: "Pois é, imagine se o lixo ficasse acumulado na porta da sua casa!", ou "Imagine se a correspondência não fosse mais entregue!". Há quem se intimide. Eu não. Minha resposta é idêntica para todos, sempre "na agulha": "Pois é, se isso acontecesse, você perderia o seu emprego". Tout court.

Ora, porra! Imagine se o operário que trabalha na fábrica de vassouras se arrogasse o direito de pedir caixinha de Natal aos varredores de rua. "Ah, seu varredor, imagine se eu parasse de fabricar vassouras, o que seria do senhor?". E pensem se o gráfico que trabalha na Casa da Moeda imprimindo selos, se o operários da refinaria da Petrobrás, se o operário de Itaipu, se os funcionários das estações de tratamento da Sabesp, se todos eles fizessem o mesmo?

Vocês precisam largar mão de ser hipócritas com demonstrações de pena desses trabalhadores!

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