Depois do furor sobre os produtos transgênicos cerca de uma década atrás, me peguei pensando sobre os "organismos geneticamente modificados" (OGMs, ou, no popular, transgênicos) quando passei em frente da pet shop da minha rua e prestei atenção no "T" preto dentro de um triângulo amarelo (ícone que indica a presença de transgênicos no produto). Voltei a pesquisar o assunto na "internê" e, nas duas primeiras, duas coisas me ocorreram: o enorme potencial da biotecnologia para melhorar os alimentos e o debate incrivelmente rancoroso em torno desses alimentos. Se minha (parca) disciplina e meu extenuante trabalho permitirem, pretendo, nas próximas semanas, me aprofundar bastante na polêmica que envolve os transgênicos. Hoje começo falando sobre alguns temores específicos e sobre a oposição enfrentada pelos alimentos criados pela bioengenharia.
Vou pegar "à unha" esses temores e essa oposição nas próximas semanas e examinar o que eles revelam sobre o movimento contrários aos OGMs. Mas antes de mergulhar nessas águas pantanosas, vamos refletir por alguns instantes para não perder o céu de vista enquanto estamos atolados no lamaçal das paixões argumentativas.
Começo dizendo que está bastante claro que os alimentos criados pela bioengenharia já lograram um êxito estrondoso. A biotecnologia tem sido usada para ajudar os agricultores a aumentar o rendimento de suas plantações e acrescentar vitaminas e minerais aos alimentos. Os avanços da biotecnologia também têm auxiliado na luta contra o inimigo número um das lavouras (as pragas), além de serem usados também para diversão e estética (basta ver o caso dos peixes fluorescentes e das rosas azuis). As lavouras de bioengenharia passaram a ser a tecnologia agrícola mais adotada da história da humanidade, e tudo isso foi feito em menos de duas décadas.
Mas isso significa que eu sou um defensor figadal dos transgênicos?
Vou contar a vocês a história de dois tomates: o Indigo Rose e o "tomate roxo". Ambos foram inventados para produzir um nutriente chamado antocianina, um nutriente normalmente encontrado em frutas como, por exemplo, a amora. Um deles (o Indigo Rose) foi criado pelo antiquíssimo método da hibridação. O outro (tomate roxo) foi inventado pela moderna técnica da engenharia genética, transferindo genes da boca-de-leão (Antirrhinum majus) para ajudar o tomate a produzir a antocianina. Em em ambos os casos, a idéia era criar um tomate que reunisse todos os benefícios do tomate à saúde com os benefícios nutricionais extras da ingestão de amoras, por exemplo. Ambos foram muito bem-sucedidos.
Sabem por que eu não faria isso? Porque sou um defensor empedernido do ser humano.
Quero que as pessoas tenham a liberdade de inventar, desenvolver, cultivar, vender e comprar qualquer alimento que melhore suas vidas. Às vezes isso implica dar tiros no escuro e procurar variações genéticas nunca dantes exploradas. Outras vezes, isso implica realizar uma hibiridação meticulosa do trigo para criar uma variedade robusta ou inserir na banana um gene que aporte resistência a doenças. Cientificamente falando, esses métodos de bio-inovação devem ser julgados com base no fato de melhorarem, prolongarem ou tornarem a vida das pessoas mais feliz; do ponto de vista político, eles devem ser julgados à luz da infração ou não de direitos de propriedade.
Por exemplo, talvez a engenharia genética nem sempre seja a melhor ferramenta para essa tarefa, cientificamente falando. Ela é, por natureza, uma ferramenta muito precisa. Estou falando de transferir ou retirar genes específicos que determinam características específicas. Se eu quiser, por exemplo, mudar a cor de uma rosa, essa pode ser a ferramenta ideal. Mas se eu quiser fazer brócolos resistentes ao calor, provavelmente a engenharia genética não ajude tanto, pois a resistência ao calor é, provavelmente, controlada por um número considerável de genes. Nesse caso, a hibridação pode ser a melhor opção. Se eu preciso derrubar uma parede, não vou atrás de uma lixadeira. Uma marreta seria uma solução mais "elegante".
O objetivo que a engenharia genética pretende atingir é melhorar os alimentos e, por via de conseqüência, as nossas vidas. Essa é uma finalidade digna.
Pelo que tenho visto, a engenharia genética é uma excelente ferramenta que está disponível na caixa de ferramentas identificada como “aprimoramento alimentar”. Do ponto de vista político, é uma ferramenta que os agricultores devem ter o direito de usar da maneira que julgarem conveniente, desde que - é claro - os direitos de propriedade de terceiros sejam respeitados. Se os alimentos geneticamente modificados são úteis para as pessoas ou se são algo que os consumidores querem comprar e preparar no jantar, cabe exclusivamente a elas decidir. Ou pelo menos deveria caber, por motivos que eu apresentarei em artigos futuros.
Mas isso significa que eu sou um defensor figadal dos transgênicos?
Vou contar a vocês a história de dois tomates: o Indigo Rose e o "tomate roxo". Ambos foram inventados para produzir um nutriente chamado antocianina, um nutriente normalmente encontrado em frutas como, por exemplo, a amora. Um deles (o Indigo Rose) foi criado pelo antiquíssimo método da hibridação. O outro (tomate roxo) foi inventado pela moderna técnica da engenharia genética, transferindo genes da boca-de-leão (Antirrhinum majus) para ajudar o tomate a produzir a antocianina. Em em ambos os casos, a idéia era criar um tomate que reunisse todos os benefícios do tomate à saúde com os benefícios nutricionais extras da ingestão de amoras, por exemplo. Ambos foram muito bem-sucedidos.
Então, como consumidor de tomates, qual eu escolheria? O tomate roxo se mantém fresco por muito mais tempo, ou seja, é possível deixá-lo amadurecer e desenvolver sabor na planta por um período mais longo. Por outro lado, o Indigo Rose é muito saboroso e ótimo para ser plantado em jardins. Ambos têm a antocianina, que lhes aporta uma coloração profunda e escura, e ambos têm um aspecto suculento e convidtivo. Se eu tivesse que decidir qual deles comprar, minha escolha seria fundamentada num leque amplo de fatores, como paladar, marca, frescor, tamanho, valor nutricional, facilidade de encontrar e preço. A variedade engendrada pela biotecnologia não seria necessariamente melhor, assim como a variedade híbrida. Eu escolheria a que fosse melhor para mim. E se eu achasse que uma era superior à outra, seguramente não defenderia que a outra fosse proibida ou impedida de chegar a qualquer país.
Sabem por que eu não faria isso? Porque sou um defensor empedernido do ser humano.
Quero que as pessoas tenham a liberdade de inventar, desenvolver, cultivar, vender e comprar qualquer alimento que melhore suas vidas. Às vezes isso implica dar tiros no escuro e procurar variações genéticas nunca dantes exploradas. Outras vezes, isso implica realizar uma hibiridação meticulosa do trigo para criar uma variedade robusta ou inserir na banana um gene que aporte resistência a doenças. Cientificamente falando, esses métodos de bio-inovação devem ser julgados com base no fato de melhorarem, prolongarem ou tornarem a vida das pessoas mais feliz; do ponto de vista político, eles devem ser julgados à luz da infração ou não de direitos de propriedade.
Por exemplo, talvez a engenharia genética nem sempre seja a melhor ferramenta para essa tarefa, cientificamente falando. Ela é, por natureza, uma ferramenta muito precisa. Estou falando de transferir ou retirar genes específicos que determinam características específicas. Se eu quiser, por exemplo, mudar a cor de uma rosa, essa pode ser a ferramenta ideal. Mas se eu quiser fazer brócolos resistentes ao calor, provavelmente a engenharia genética não ajude tanto, pois a resistência ao calor é, provavelmente, controlada por um número considerável de genes. Nesse caso, a hibridação pode ser a melhor opção. Se eu preciso derrubar uma parede, não vou atrás de uma lixadeira. Uma marreta seria uma solução mais "elegante".
O objetivo que a engenharia genética pretende atingir é melhorar os alimentos e, por via de conseqüência, as nossas vidas. Essa é uma finalidade digna.
Pelo que tenho visto, a engenharia genética é uma excelente ferramenta que está disponível na caixa de ferramentas identificada como “aprimoramento alimentar”. Do ponto de vista político, é uma ferramenta que os agricultores devem ter o direito de usar da maneira que julgarem conveniente, desde que - é claro - os direitos de propriedade de terceiros sejam respeitados. Se os alimentos geneticamente modificados são úteis para as pessoas ou se são algo que os consumidores querem comprar e preparar no jantar, cabe exclusivamente a elas decidir. Ou pelo menos deveria caber, por motivos que eu apresentarei em artigos futuros.
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