É claro que todos nós queremos que o Brasil se torne uma nação realmente próspera e grande (com bases sólidas), mas isso jamais vai acontecer se continuarmos aplaudindo essas infelizes iniciativas das ONGs da vida de dirigir as crianças mais carentes para atividades "culturalmente divertidas" ou "divertidamente culturais", como tocar tambor, fazer escultura com bosta de tuiuiú ou dançar de pé pro ar (salve, Billy Blanco!).
Precisamos, cara leitora, de que as escolas concentrem seus esforços em ensinar com solidez Língua Portuguesa (e depois, se sobrar tempo, um idioma estrangeiro), Matemática, Física, Química e Biologia. A isso se chama "ensino com os pés no chão". O resto é perfumaria.
Faço esse já longo intróito porque chega ao meu conhecimento a seguinte notícia do G1 de Santa Catarina (com link): "Olimpíada do Conhecimento reúne 190 participantes em Lages". Já volto.
A Olímpiada do Conhecimento do Senai está reunindo em Lages, na Serra catarinense, 190 participantes de 21 municípios de Santa Catarina. Eles disputam 40 modalidades da etapa estadual da competição. O objetivo principal é fazer com que os alunos desenvolvam atividades relacionadas às profissões que escolheram seguir.
De acordo com a regras, os competidores têm pouco mais 20h pra executarem uma prova proposta no regulamento. O tempo varia de acordo com cada modalidade, assim como a tarefa.
Um dos participantes é Roger Rosa, aluno do curso técnico em Mecânica do Senai de Lages. Ele conta que dedicou oito horas por dia, durante cinco meses, para se dedicar à Olimpíada. Apesar do nervosismo, por ser a primeira vez que participa, ele garante que está preparado pra representar unidade da cidade sede.
Os visitantes acompanham pelos corredores do Senai o desenvolvimento das provas. Até sexta-feira, 8,5 mil alunos de escolas da região devem passar pelo evento. 1,5 mil estudantes de unidades do Senai também irão conferir a edição da Olímpiada do Conhecimento, em Lages. Além das provas, o Senai oferece informações sobre os cursos e palestras.
Um destaque do evento é a mostra Inova, com exposições de 13 projetos desenvolvidos por alunos e professores. Um dos projetos que mais chama atenção é o carro elétrico, desenvolvido pelos estudantes de Jaraguá do Sul. Informações podem ser obtidas pelo telefone 0800 48 1212.
Voltei. (Sim, kibei isto do Tio Rei).
Iniciativas assim são como as "peneiras" das escolinhas de futebol. É daí que vão sair os craques da atividade técnica e científica. É daí que sairão os pathfinders, os que abrirão picadas inovadoras na selva selvaggia do conhecimento científico. Esse é um excelente trabalho de base.
Na Alemanha, quase 60% dos alunos do segundo grau (Ensino Médio é o cacete, sou velho mesmo!) vão em busca de cursos técnicos. Cá em Bananaland, não chegamos a 11%. Por que? Por puríssimas afetação e vaidade.
Podem sair pela aí conversando com pais e mães. A esmagadora maioria inflará as ventas e dirá com orgulho: "Eu não quero que meu filho seja técnico. Isso é degradante". O sonho dourado dos pais é que seus filhos enveredem por caminhos profissionais mais clássicos como Direito, Engenharia, Medicina (e vejam que as duas últimas deste exemplo são atividades extremamente técnicas e, às vezes, bem "mão na massa"), ou sendas mais "moderninhas" como Administração, Jornalismo, Marketing, Psicologia (não clínica, pelamordedeus, mas "voltada para RH") e - oh, glória! - Mídias Sociais (xôxo mídia pros íntimos).
Claro que não podia deixar de citar os pais que almejam para seus filhos a tumba profissional do serviço público. Sobre esses (e seus filhos que acodem ávida e alegremente aos concursos públicos) nem vou tecer comentários. Merecem meu silêncio.
Em resumo, os pais querem que seus filhos sejam "doutores de anel no dedo" (ainda que mal e porcamente remunerados no mercado de trabalho). Estamos em 2013, e estou fazendo a mesma crítica que o Bruxo do Cosme Velho (Google it!) e o argutíssimo Lima Barreto faziam em meados do século XIX e nos albores do século XX. Não avançamos nada em termos de projeto de civilização.
A minha crítica não vai para os profissionais que nutrem e desenvolvem seu talento nas diversas áreas (técnicas ou não), que têm um casamento de sucesso com suas carreiras por amarem o que fazem. Estou esculachando, sim, aqueles que, mesmo sem pendor algum para as atividades "suaves", as buscam para fugir das "minas de sal" nas quais, talvez, lograssem muito êxito. O esculacho é para aqueles que acham que "canudo" resolve tudo e "dá status". Cago em vossas cabeças.
Os alemães estão aí para nos desferir VOLEIOS NA NUCA, mostrando que essa aversão à atividade técnica é uma rematada estultícia. O que interessa é a felicidade e a satisfação oriundas da paixão pela profissão e, more importantly, dinheirinho no bolso.
Para concluir, leitora, essa Olimpíada do Conhecimento do Senai dá a chance de que guris e gurias exalem a água benta do suor na testa e arregacem as mangas para se tornarem criativos, inventivos, felizes e ajudarem a lançar cada vez mais as bases de um desenvolvimento econômico significativo para este ainda banânico país.
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