
Certa feita, uma pessoa me disse que a essência da sabedoria é a capacidade de fazer distinções. Ele disse o seguinte: "Os esquimós têm 14 (a memória me trai sobre o número exato, mas a idéia é essa) palavras diferentes para se referir à neve. Em português, só temos uma: 'neve'. Então, quem sabe mais sobre a neve?"
Intencionalmente ou não, essa pessoa tem um argumento muito bom para defender que a capacidade de detectar e exprimir distinções é o coração da sabedoria. O livro dos Provérbios, que é o livro da sabedoria mais conhecido do cânone judaico-cristão, é, essencialmente, uma lista de argumentos que incentiva a discriminação: sabedoria é X, estupidez é Y; uma mulher "para casar" é X, uma mulher que merece ficar sozinha é Y; um homem de Deus é X, um gentio é Y, e assim por diante. Hoje em dia, o que mais vemos pela aí são pessoas estúpidas às mancheias. Não se enganem: um dos principais motivos pelos quais as pessoas se estupidificaram é a perda da capacidade de fazer distinções, tenham elas perdido ou abandonado essa capacidade voluntariamente ou por meio de intimidação.
A capacidade de fazer distinções é conhecida como "discriminação". Quando falamos de um enófilo experiente (por exemplo, eu), dizemos que ele sabe "discriminar um bom vinho de uma zurrapa". As noções que levamos na mente em virtude do conhecimento profundo sobre vinhos (ou cervejas, ou chocolates, ou carros de luxo, whatever) são, naturalmente, chamadas de "estereótipos" (por exemplo: o Sauvignon Blanc chileno é uma 'bomba de maracujá'; cervejas comerciais brasileiras são como urina engarrafada; os chocolates suíços são quase sempre os melhores; etc.) A idéia de que certas coisas são preferidas ou rejeitadas de acordo com o conhecimento que adquirimos sobre elas é conhecida como "propensão" ou "preconceito".
Hoje em dia, "preconceito" é uma palavra estigmatizada. Os esquerdistas (tanto aqui em Banânia quanto alhures) conseguiram convencer a todos de que: 1) o preconceito em geral é ruim porque o preconceito racial é ruim, e 2) pessoas realmente inteligentes não têm idéias preconcebidas de espécie alguma e passam o tempo todo tentando reinventar a verdade. No campo da Política, esse tipo de pessoa é classificada como "moderada". Já, quem trabalha num canteiro de obras chama esse tipo de pessoa simplesmente de "idiota".
Todos nós trabalhamos com estereótipos e preconceitos, e a vida seria inviável sem eles. Durante a infância, os pais tentam instila em seus filhos determinadas idéias para que eles entendam como o mundo funciona e para que eles consigam interagir com o mundo de maneira segura. Depois, os filhos acabam entrando numa universidade onde algum professor esquerdista tenta arrancar deles os "preconceitos", fazendo-os voltar à infância.
Vou dar um exemplo banal: sempre que eu entro num cômodo e vejo um interruptor na parede, pressuponho que, se acionar esse interruptor, uma luz se acenderá (seja nesse cômodo ou nalgum outro lugar). Esse estereótipo do interruptor é bastante útil. Em vez de perder um tempo absurdo "dialogando" com o interruptor quando entro num cômodo para tentar conhecê-lo sem interferências externas, eu vou até ele com ar "boçal e soberano" e - surpresa das surpresas, uma luz se acende nalgum lugar!
A capacidade de fazer distinções é conhecida como "discriminação". Quando falamos de um enófilo experiente (por exemplo, eu), dizemos que ele sabe "discriminar um bom vinho de uma zurrapa". As noções que levamos na mente em virtude do conhecimento profundo sobre vinhos (ou cervejas, ou chocolates, ou carros de luxo, whatever) são, naturalmente, chamadas de "estereótipos" (por exemplo: o Sauvignon Blanc chileno é uma 'bomba de maracujá'; cervejas comerciais brasileiras são como urina engarrafada; os chocolates suíços são quase sempre os melhores; etc.) A idéia de que certas coisas são preferidas ou rejeitadas de acordo com o conhecimento que adquirimos sobre elas é conhecida como "propensão" ou "preconceito".
Hoje em dia, "preconceito" é uma palavra estigmatizada. Os esquerdistas (tanto aqui em Banânia quanto alhures) conseguiram convencer a todos de que: 1) o preconceito em geral é ruim porque o preconceito racial é ruim, e 2) pessoas realmente inteligentes não têm idéias preconcebidas de espécie alguma e passam o tempo todo tentando reinventar a verdade. No campo da Política, esse tipo de pessoa é classificada como "moderada". Já, quem trabalha num canteiro de obras chama esse tipo de pessoa simplesmente de "idiota".
Todos nós trabalhamos com estereótipos e preconceitos, e a vida seria inviável sem eles. Durante a infância, os pais tentam instila em seus filhos determinadas idéias para que eles entendam como o mundo funciona e para que eles consigam interagir com o mundo de maneira segura. Depois, os filhos acabam entrando numa universidade onde algum professor esquerdista tenta arrancar deles os "preconceitos", fazendo-os voltar à infância.
Vou dar um exemplo banal: sempre que eu entro num cômodo e vejo um interruptor na parede, pressuponho que, se acionar esse interruptor, uma luz se acenderá (seja nesse cômodo ou nalgum outro lugar). Esse estereótipo do interruptor é bastante útil. Em vez de perder um tempo absurdo "dialogando" com o interruptor quando entro num cômodo para tentar conhecê-lo sem interferências externas, eu vou até ele com ar "boçal e soberano" e - surpresa das surpresas, uma luz se acende nalgum lugar!
Isso pode dar errado? Pode, é claro. Quando me mudei para a casa onde moro atualmente, acionei um interruptor na cozinha, esperando que uma das luminárias se acendesse. Qual não foi minha surpresa quando ouvi o irritante barulho do exaustor de parede. Às vezes, aciono um interruptor e não acontece nada, ou pelo menos aparentemente acontece alguma coisa. Sempre que não acontece nada quando eu aciono um interruptor, me lembro de uma cena que vi num seriado, em que o sujeito apertou um botão várias vezes e aparentemente não aconteceu nada, mas, depois, ele viu que a porta da garagem do vizinho estava subindo e descendo.
Contudo, o número de vezes em que eu me enganei em relação a um interruptor é ínfimo. E quando encontro um interruptor que aparentemente não acende uma lâmpada, sou suficientemente inteligente para desconfiar que ele serve para ligar o ventilador de teto, o exaustor, a cadeira elétrica, ou para explodir uma bomba na casa do meu vizinho inconveniente. Com esse circunlóquio todo, quero dizer que é melhor viver com a predisposição de achar que esses tipos de interruptores acendem luzes e, de vez em quando, lidar com as exceções do que entrar em cada cômodo sem predisposição alguma e esperar que os interruptores nos digam para que servem.
Levado às últimas conseqüências, o "politicamente correto" nos levaria a passar a vida inteira investigando interruptores de luz, mesmo sabendo, com 99,99999% de certeza, como as coisas da vida funcionam. Por exemplo, salta aos olhos de qualquer um que as mulheres são muito mais emotivas que intelectuais (o número de mulheres intelectuais que conheci na vida é pequeno, uma "meia dúzia de tres").
Salta aos olhos que um volume desproporcionalmente alto de crimes é cometido por pessoas que moram em favelas, embora os esquerdistas de plantão se regozijem ao dizer que as prisões realizadas nas "comunidades" (termo tão caro a eles) são um problema gravíssimo, mas não por causa da criminalidade! - Não, pelamordedeus! - mas por causa da falta de oportunidades econômicas, ou de escolas, ou de TVs de LCD, ou de Xbox, ou o que for.
Levado às últimas conseqüências, o "politicamente correto" nos levaria a passar a vida inteira investigando interruptores de luz, mesmo sabendo, com 99,99999% de certeza, como as coisas da vida funcionam. Por exemplo, salta aos olhos de qualquer um que as mulheres são muito mais emotivas que intelectuais (o número de mulheres intelectuais que conheci na vida é pequeno, uma "meia dúzia de tres").
Salta aos olhos que um volume desproporcionalmente alto de crimes é cometido por pessoas que moram em favelas, embora os esquerdistas de plantão se regozijem ao dizer que as prisões realizadas nas "comunidades" (termo tão caro a eles) são um problema gravíssimo, mas não por causa da criminalidade! - Não, pelamordedeus! - mas por causa da falta de oportunidades econômicas, ou de escolas, ou de TVs de LCD, ou de Xbox, ou o que for.
Salta aos olhos que os petistas, PSOListas, PSTUzistas, e outros esquerdistas menos cotados e votados sejam as pessoas mais anti-intelectuais deste mundo, Qualquer estudo sério realizado por não-esquerdistas certamente constatará que os vermelhos tirariam notas baixíssimas numa prova com perguntas que versassem sobre questões factuais relacionadas à Política. E a lista poderia prosseguir ad nauseam....
Theodore Dalrymple vai muito mais fundo nesse assunto. Ele argumenta não só que o preconceito deveria ser deixado em paz (eu faço isso cotidianamente), mas incentiva e elogia de verdade o preconceito. Embora eu seja da opinião de que não devemos rechaçar nenhum conhecimento que chegue a nós, Dalrymple nos incentiva a buscar efetivamente oportunidades de exercer o preconceito! Bem, talvez não, mas seu livro In Praise of Prejudice ("Elogio ao Preconceito", em tradução livre - o livro ainda não foi publicado no Brasil) certamente pode e deve ser lido mais de uma vez (eu estou começando a segunda leitura).
Dalrymple nos incentiva a instilar em nossos filhos nossos preconceitos sobre temas como vida, filosofia, religião e política, e fundamenta esse incentivo: se não fizermos isso, "[nossos] filhos sempre escolherão a mesma coisa, aquilo que os atrair e gratificar da maneira mais imediata". Eles optarão por gastar em vez de poupar. Eles optarão por mentir para se livrar de problemas, em vez de desenvolver um caráter moral para dizer a verdade e arcar com as responsabilidades e conseqüências de seus atos. Eles optarão por se entupir de açúcar e, no futuro, encher o saco da família e dos médicos com os problemas derivados dessa escolha. Nesse aspecto Dalrymple acertou na mosca.
Dalrymple argumenta, ainda, que alguns preconceitos acabam provando ser verdadeiros e válidos (como provei acima a respeito dos interruptores) e devemos nos recusar a passar adiante esses falsos preconceitos (como o mito do Aquecimento Global, o mito de que "Homens e Mulheres são Iguais", e o mito de toda a plataforma petista), que podem acabar substituindo a verdade. Ele argumenta também que, ao fim e ao cabo, não instilar nas crianças os estereótipos e preconceitos corretos é um ato de extrema crueldade, pois, dessa forma, elas serão lançadas no mundo sem os instrumentos mínimos para participar da realidade, ficando à mercê de vigaristas e mentirosos de toda sorte (por exemplo, Lula e Dilma). Outro argumento de Dalrymple é que, no fim das contas, o preconceito é inevitável, pois o antigo preconceito contra os negros acabou sendo substituído pelo preconceito contra os brancos.
Ele afirma, com justiça, que nem a autoridade nem os usos e costumes (fontes freqüentes de preconceitos) são errados nem violentos por si mesmos. Na verdade, assuntos e fatos que circulam há tempo suficiente para se tornarem costumes têm maior probabilidade de estarem corretos ou serem verdadeiros do que assuntos e fatos vindos à tona em 1968, e questões das quais é possível falar com conhecimento de causa são muito mais propensas a serem verdadeiras e corretas do que questões que precisam ser tratados com evasivas ou alusões vagas, do tipo "esperança e mudança".
Theodore Dalrymple vai muito mais fundo nesse assunto. Ele argumenta não só que o preconceito deveria ser deixado em paz (eu faço isso cotidianamente), mas incentiva e elogia de verdade o preconceito. Embora eu seja da opinião de que não devemos rechaçar nenhum conhecimento que chegue a nós, Dalrymple nos incentiva a buscar efetivamente oportunidades de exercer o preconceito! Bem, talvez não, mas seu livro In Praise of Prejudice ("Elogio ao Preconceito", em tradução livre - o livro ainda não foi publicado no Brasil) certamente pode e deve ser lido mais de uma vez (eu estou começando a segunda leitura).
Dalrymple nos incentiva a instilar em nossos filhos nossos preconceitos sobre temas como vida, filosofia, religião e política, e fundamenta esse incentivo: se não fizermos isso, "[nossos] filhos sempre escolherão a mesma coisa, aquilo que os atrair e gratificar da maneira mais imediata". Eles optarão por gastar em vez de poupar. Eles optarão por mentir para se livrar de problemas, em vez de desenvolver um caráter moral para dizer a verdade e arcar com as responsabilidades e conseqüências de seus atos. Eles optarão por se entupir de açúcar e, no futuro, encher o saco da família e dos médicos com os problemas derivados dessa escolha. Nesse aspecto Dalrymple acertou na mosca.
Dalrymple argumenta, ainda, que alguns preconceitos acabam provando ser verdadeiros e válidos (como provei acima a respeito dos interruptores) e devemos nos recusar a passar adiante esses falsos preconceitos (como o mito do Aquecimento Global, o mito de que "Homens e Mulheres são Iguais", e o mito de toda a plataforma petista), que podem acabar substituindo a verdade. Ele argumenta também que, ao fim e ao cabo, não instilar nas crianças os estereótipos e preconceitos corretos é um ato de extrema crueldade, pois, dessa forma, elas serão lançadas no mundo sem os instrumentos mínimos para participar da realidade, ficando à mercê de vigaristas e mentirosos de toda sorte (por exemplo, Lula e Dilma). Outro argumento de Dalrymple é que, no fim das contas, o preconceito é inevitável, pois o antigo preconceito contra os negros acabou sendo substituído pelo preconceito contra os brancos.
Ele afirma, com justiça, que nem a autoridade nem os usos e costumes (fontes freqüentes de preconceitos) são errados nem violentos por si mesmos. Na verdade, assuntos e fatos que circulam há tempo suficiente para se tornarem costumes têm maior probabilidade de estarem corretos ou serem verdadeiros do que assuntos e fatos vindos à tona em 1968, e questões das quais é possível falar com conhecimento de causa são muito mais propensas a serem verdadeiras e corretas do que questões que precisam ser tratados com evasivas ou alusões vagas, do tipo "esperança e mudança".
Dalrymple afirma que, ao fim e ao cabo, "discriminação" significa "tomar uma decisão adequada", e que os esquerdistas, que nunca tomam decisões adequadas, aproveitaram a associação dessa palavra com "racismo" para entorpecer as faculdades cognitivas de três gerações. Ele observa que, quando era jovem, "Uma pessoa que não discriminasse, ou que não tivesse capacidade de discernimento, era uma pessoa sem gosto, sem moral ou sem intelecto [e, socialmente] provavelmente não tivesse discernimento em seu comportamento". Isso explica a popularidade do que se chama (incorretamente) funk. Infelizmente, a vida intelectual do brasileiro ficou tão poluída quanto a programação das rádios FM exatamente porque a falta de discriminação faz com que as pessoas percam a capacidade de discernir entre a verdade e a mentira, a beleza e a feiúra, ou mesmo entre o bem e o mal. Isso explica o BBB, o Teste de Fidelidade, o programa da Ana Maria Braga... Na vida intelectual brasileira, assim como na cultura pop destas plagas, o brega passou a ser o substituto constante da verdade.
Intelectos imponentes como Aristóteles, Platão (e Sócrates, através deste) e Adam Smith acreditavam no valor irrefutável do preconceito. Quem rechaça dez mil anos de história intelectual, filosofia e religião em favor do choramingo vago e emotivo da geração de 1968 deveria perceber que nós, conservadores, reconhecemos a "porrada" dos estereótipos exatamente porque os estereótipos vigentes antes de 1968 eram válidos, e que manter a capacidade de discernir entre o bom e o ruim é uma necessidade moral. Essa percepção não é uma tentativa de impor nossas crenças a quem quer que seja. Entretanto, a idéia radical de que cada indivíduo tem o direito de determinar sozinho o que é certo e errado, verdadeiro e falso é incompreensivelmente autista e orgulhosa. Embora as pessoas capazes de emitir uma opinião correta seja, muitas vezes, consideradas "arrogantes" ou, como dizem os franceses, remplies d'elles mêmes pelos pigmeus morais cujas dietas intelectuais e morais são ditadas pela cultura pop, não há arrogância mais radical do que rechaçar por atacado 10 mil anos de verdade e sabedoria em favor do direito de projetar um mundo "personalizado".
Intelectos imponentes como Aristóteles, Platão (e Sócrates, através deste) e Adam Smith acreditavam no valor irrefutável do preconceito. Quem rechaça dez mil anos de história intelectual, filosofia e religião em favor do choramingo vago e emotivo da geração de 1968 deveria perceber que nós, conservadores, reconhecemos a "porrada" dos estereótipos exatamente porque os estereótipos vigentes antes de 1968 eram válidos, e que manter a capacidade de discernir entre o bom e o ruim é uma necessidade moral. Essa percepção não é uma tentativa de impor nossas crenças a quem quer que seja. Entretanto, a idéia radical de que cada indivíduo tem o direito de determinar sozinho o que é certo e errado, verdadeiro e falso é incompreensivelmente autista e orgulhosa. Embora as pessoas capazes de emitir uma opinião correta seja, muitas vezes, consideradas "arrogantes" ou, como dizem os franceses, remplies d'elles mêmes pelos pigmeus morais cujas dietas intelectuais e morais são ditadas pela cultura pop, não há arrogância mais radical do que rechaçar por atacado 10 mil anos de verdade e sabedoria em favor do direito de projetar um mundo "personalizado".
Nenhum comentário:
Postar um comentário